

Vinícius de Moraes
Marcus Vinicius da Cruz de Mello Moraes, ou Vinicius de Moraes, (1913 - 1980) foi um diplomata, jornalista, poeta e compositor brasileiro.
Sempre adorei seus poemas e suas músicas. Boa parte de minha adolescência passei "arranhando no violão" suas composições. Comprava todos seus discos (LP), lia seus poemas e, alguns, arriscava recitá-los.
Nos anos 70 ele esteve em Pelotas, show no Theatro Guarany, Vinícius & Toquinho (grande violonista), assisti e lembro até hoje. A fumaça de seu cigarro no palco e de seu copo de uísque ao lado.
Em 1980, eu e meu marido estávamos no Rio de Janeiro, no Congresso Brasileiro para o Progresso da Ciência, quando anunciaram seu falecimento.
Hoje continuo comprando CDs regravados, principalmente as coletâneas.
A esse grande poeta dedico minha postagem de hoje.
Soneto de Fidelidade
Que mesmo em face do maior encanto
Quero vivê-lo em cada vão momento
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Nesse ano, 1976, eu havia entrado para a Faculdade de Veterinária na UFPEL, curso que escolhi ao concluir o ensino médio, devido minha afinidade e paixão pelos animais domésticos. Após formada, aos 21 anos de idade, alguns fatos ocorridos em minha vida, contribuiram para eu não ter exercido essa profissão. Em 1990, entrei para a Faculdade de Medicina também na UFPEL, tendo concluído esse curso, em 1996, exerço até hoje a profissão de médica.
No meu primeiro ano de acadêmica de veterinária, conheci o Gilberto (Cachoeira), ele era monitor da cadeira de Genética e cursava comigo a disciplina de Anatomia II. O Gilberto também era conhecido por Cigano, apelido adquirido no ensino médio na escola CAVG (ensino médio). Além de estudar Veterinária, o Cigano também estudava Filosofia, pois era seminarista e pretendia tornar-se padre da Igreja Católica. Ele morava no Seminário de Pelotas, até hoje localizado na Avenida Dom Joaquim. Ficamos muito amigos, todos dias conversávamos no ônibus do campus e andávamos juntos nos intervalos das aulas.
A Ling foi pequena lá para minha casa, era linda. Tinha o pêlo bege, com orelhas, patas e rabo marrons, grandes olhos azuis, brincalhona e alegre. Porém perto de completar seu primeiro ano de vida, começou a ter problemas com as patas traseiras, até que um dia amanheceu arrastando todo seu trem posterior.
Levada ao veterinário, que era meu professor, teve como diagnóstico paralisia de quadril, quadro irreversível e hereditário, segundo aquele profissional. O melhor tratamento seria a eutanásia. Ao invés dele ter sacrificar o animal, sugeriu que eu mesma o fizesse (com uma injeção letal, por ele orientada), pois isso já seria um aprendizado, porque essa prática é comum nessa área da ciência.
Naquele dia, quando encontrei-me com o Cigano, relatei o ocorrido e disse-lhe que eu não teria coragem de fazer tal procedimento. Ele sugeriu que eu levasse minha gatinha até o seminário, e que ele "daria um jeito".
Em uma caixa de papelão, deixei o pobre animal lá. Fui para casa chorando.
No outro dia, decidi não comentar mais o caso, ele também nada mais falou sobre a gata. Alguns dias após recebi seu telefonema, pedindo que eu fosse até o seminário, pois uma freira gostaria de me dar umas plantas. Achei estranho mas fui assim que pude.
Chegando lá encontrei a freira e ele. Cercados de outros meninos seminaristas, estavam me esperavam com a Ling de laço cor de rosa no pescoço, andando! Até hoje não entendi o tratamento que fizeram, mas com certeza foi o início de uma história vamos dividindo há 33 anos.
Fui para casa chorando, mas agora de felicidade.
A gata era fraquinha mesmo, não durou muito, mas nós continuamos até hoje juntos. Já tivemos outros gatos, galinhas, passarinhos, peixinhos, cães e até três filhotes humanos.....
Obrigada Ling, tua existência não foi esquecida por nós.
obs: A foto que ilustra a postagem não é de Ling, naquele tempo não havia máquina digital. Fotografia era mais coisa de aniversários, casamentos e viagens...