Nesse ano, 1976, eu havia entrado para a Faculdade de Veterinária na UFPEL, curso que escolhi ao concluir o ensino médio, devido minha afinidade e paixão pelos animais domésticos. Após formada, aos 21 anos de idade, alguns fatos ocorridos em minha vida, contribuiram para eu não ter exercido essa profissão. Em 1990, entrei para a Faculdade de Medicina também na UFPEL, tendo concluído esse curso, em 1996, exerço até hoje a profissão de médica.
No meu primeiro ano de acadêmica de veterinária, conheci o Gilberto (Cachoeira), ele era monitor da cadeira de Genética e cursava comigo a disciplina de Anatomia II. O Gilberto também era conhecido por Cigano, apelido adquirido no ensino médio na escola CAVG (ensino médio). Além de estudar Veterinária, o Cigano também estudava Filosofia, pois era seminarista e pretendia tornar-se padre da Igreja Católica. Ele morava no Seminário de Pelotas, até hoje localizado na Avenida Dom Joaquim. Ficamos muito amigos, todos dias conversávamos no ônibus do campus e andávamos juntos nos intervalos das aulas.
A Ling foi pequena lá para minha casa, era linda. Tinha o pêlo bege, com orelhas, patas e rabo marrons, grandes olhos azuis, brincalhona e alegre. Porém perto de completar seu primeiro ano de vida, começou a ter problemas com as patas traseiras, até que um dia amanheceu arrastando todo seu trem posterior.
Levada ao veterinário, que era meu professor, teve como diagnóstico paralisia de quadril, quadro irreversível e hereditário, segundo aquele profissional. O melhor tratamento seria a eutanásia. Ao invés dele ter sacrificar o animal, sugeriu que eu mesma o fizesse (com uma injeção letal, por ele orientada), pois isso já seria um aprendizado, porque essa prática é comum nessa área da ciência.
Naquele dia, quando encontrei-me com o Cigano, relatei o ocorrido e disse-lhe que eu não teria coragem de fazer tal procedimento. Ele sugeriu que eu levasse minha gatinha até o seminário, e que ele "daria um jeito".
Em uma caixa de papelão, deixei o pobre animal lá. Fui para casa chorando.
No outro dia, decidi não comentar mais o caso, ele também nada mais falou sobre a gata. Alguns dias após recebi seu telefonema, pedindo que eu fosse até o seminário, pois uma freira gostaria de me dar umas plantas. Achei estranho mas fui assim que pude.
Chegando lá encontrei a freira e ele. Cercados de outros meninos seminaristas, estavam me esperavam com a Ling de laço cor de rosa no pescoço, andando! Até hoje não entendi o tratamento que fizeram, mas com certeza foi o início de uma história vamos dividindo há 33 anos.
Fui para casa chorando, mas agora de felicidade.
A gata era fraquinha mesmo, não durou muito, mas nós continuamos até hoje juntos. Já tivemos outros gatos, galinhas, passarinhos, peixinhos, cães e até três filhotes humanos.....
Obrigada Ling, tua existência não foi esquecida por nós.
obs: A foto que ilustra a postagem não é de Ling, naquele tempo não havia máquina digital. Fotografia era mais coisa de aniversários, casamentos e viagens...
6 comentários:
Aiiiii adorei essa história!! E foi assim q surgiu essa família pra lá de especial.. Grande Ling! hehe
Esta história é muito linda, já contei ela diversas veses para meus amigos, mais quem gostou mesmo foi a vó vina, um beijão!!!
Carla! Que história linda! Muito linda!
bjs!
Acredito,sinceramente,que essa gatinha cumpriu sua missão.Muito linda essa história e parabéns pela família linda que formaram.Bjkas
Sem dúvida uma bela estória. Não sabia de tua paixão por gatos. Pensei q gostavas só de cachorros. Eu amooooo gatos. E este ano ganhei um siamês adulto, mas não adaptou-se ao meu apê.
Gostei de ler.
Adorei...e conhecendo vcs, meus inesquecìveis vizinhos, só podia ter sido assim o inìcio dessa história...sensibilidade a flor da pele
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